NBA passou dos US$ 10 bi de faturamento, cada vez mais disruptiva. Valuation já está em US$ 86 bi. Inclui entrevista com Ari Aguiar da ESPN

Vitoria inédita do Denver Nuggets fortalece o modelo bem-sucedido da liga.

Sports Value criou uma divisão de negócios do basquete e sempre vai aprofundar as análises sobre o tema.

O término das Finais da NBA 2023, com o título inédito do Denver Nuggets, time com o 22º.faturamento da liga, diz muito sobre nossa nova análise.

NBA, como outras ligas americanas, foca no equilíbrio financeiro entre as equipes, a fim de gerar equilíbrio esportivo.

Times fortes e competitivos fazem uma liga mais rica. O papel da liga é fortalecer economicamente os cada franquia.

Campeões até 2022

Todas as iniciativas visam isso, há controle salarial rígido, escolha dos melhores jogadores pelos times mais fracos (draft), divisão igualitária da TV e receitas de patrocínios da liga e licenciamento.

Embora a NFL fature mais que a NBA, e tenha muito mais audiência nos EUA, foi a liga de basquete que se mostrou mais disruptiva, em âmbito global e nos EUA e influencia as demais com sua visão inovadora de negócios.

NBA é a liga mais disruptiva do esporte mundial, de acordo com a Sports Value.

Receitas da NBA

Segundo dados da Forbes, a NBA com seus 30 times gerou na temporada 2021-2022 um total de US$ 10  bilhões em receitas, depois de dois anos de perdas com a pandemia.

Em 2019 as receitas estavam em US$ 8,8 bilhões e caíram para US$ 6,4 bilhões em 2021. O retorno pós pandemia, foi de crescimento de 57% nas receitas. Em relação a 2019 o crescimento foi de 14%.

Receitas recentes dos times da NBA- US$ milhões

Patrocínios

NBA passou de US$ 1,6 bi em patrocínios, de acordo com o estudo anual da IEG, crescimento de 12% em comparação com 2021. Desde 2019 subiram 26%. Muito impulsionados pelo setor Crypto, que sozinho investiu US$ 130 milhões em patrocínios na liga em 2022.

Receitas com patrocínios- US$ milhões

As marcas mais ativas com a NBA são: Nike, AB InBev, Pepsi, Socios, State Farm, Toyota e Verizon

Por outro lado, segundo dados da Sponsor United essas foram as marcas com maior impacto no digital durante essa última temporada. Nike lidera com quase 7 milhões de interações.

Segundo a Sponsor United esses são os times que obtiveram mais engajamento nas redes sociais na temporada 2022-23.

Embora Lebron James apresentou mais crescimento em seguidores, Stephen Curry lidera entre os jogadores com mais engajamento.

Grande impacto de Giannis Antetokounmpo, que é o segundo jogador mais importante em interações nas redes atualmente.

Receitas com as arenas

Os 30 times da NBA geraram US$ 2,2 bilhões com a exploração de suas arenas. Chama a atenção a força da nova arena do Golden State Warriors (GSW), que gerou US$ 257 milhões em 2022 frente aos US$ 133 milhões do segundo colocado, NY Knicks.

Segundo dados da ESPN, a média de público dos 30 times é de 18 mil por jogo. A pior média é do Oklahoma City Thunder com media de 15,5 mil por jogo e a maior do Chicago Bulls, com 20,1 mil por partida. O índice de ocupação das arenas vai de 87% a 100%.

Receitas com os ginásios US$ milhões e Média de público

O que o GSW gera de publicidade e licenças na nova arena, representa mais que qualquer outro time com gameday total. Apenas 6 times faturam mais de US$ 100 milhões por ano com as arenas. Denver Nuggets, por exemplo, gerou US$ 50 milhões em 2022.

A exploração comercial dos 41 jogos em casa (sem contar os playoffs) é o diferencial competitivo de um time, em um modelo de liga com rígido controle como a NBA.

Participação do gameday na receita total

Gastos salariais

Os gastos salariais dos times somaram US$ 3,9 bilhões em 2022, frente aos US$ 3,2 bilhões de 2021, alta de 21%. Os salários representam apenas 39% das receitas, o menor valor em anos. Os valores são similares a 2019.

Gastos salariais NBA- US$ bilhões

Há clubes que simplesmente não podem gastar a fortuna que arrecadam. O caso mais emblemático novamente é o GSW, que gastou US$ 169 milhões em salários e faturou US$ 765 milhões, apenas 22% da receita.

O Denver Nuggets foi campeão gastando US$ 138 milhões em salários e faturando US$ 273 milhões, índice de 51%.

Deixou para trás o LA Lakers, com folha salarial de US$ 163 milhões, 35% da receita.

Isso mostra como o fator equilíbrio na distribuição dos recursos e controle financeiro dos gastos salariais é o segredo do sucesso de qualquer liga esportiva. Mais dinheiro circulando para todos os times.

Valuation

As 30 franquias, de acordo com a Forbes valem US$ 86 bilhões atualmente e o mais impressionante é que valiam US$ 64 bilhões em 2019, aumento de 35%.

Mesmo com a queda das receitas, times ficaram cada vez mais valiosos, graças ao desenvolvimento dos negócios nesse período.

Um exemplo interessante recente foi o LA Clippers, que foi vendido em 2014 por US$ 2 bilhões e já vale US$ 3,9 bilhões.

Valuation 30 times NBA- US$ bilhões

Hoje a média do valor dos times é de US$ 2,9 bilhões.

Receitas X Valuation – US$ milhões

Segredo do sucesso

NBA conseguiu maximizar seus ganhos, entre outros fatores, pelo grande crescimento entre o público jovem e por ser uma modalidade de apelo global.

Parceiros estratégicos de peso também contribuíram para que o melhor produto, fosse entregue com a maior qualidade possível.

NBA League Pass, direitos de transmissão, patrocínios, novas arenas, receitas digitais, live marketing, expansão internacional, conexão com a comunidade e ativismo social foram alguns dos elementos chave que impactaram o crescimento das receitas e valuation.

Mercado chinês por exemplo, já fatura anualmente US$ 500 milhões para a liga. NBA colheu os frutos de sua disrupção.

Outros mercados importantes Brasil, México. Filipinas, Espanha, França, Alemanha, Austrália, Reino Unido.

A projeção da Sports Value é que os clubes já estão gastando mais,, graças ao aumento de receitas e isso vai fazer com que os negócios evoluam ainda mais nos próximos anos.

4 perguntas para Ari Aguiar, narrador e apresentador da ESPN.

1 . NBA é um modelo de negócio robusto. Qual a sua visão sobre a liga?

NBA é um negócio multibilionário, a imagem foi bem construída ao longo dos anos. No passado a imagem não era tão valorizada e era até bem ruim. Comissário Daniel Snyder conseguiu reverter isso, especialmente com a chegada de Magic Johnson e Larry Bird nos anos 80

A NBA deixou de ser vista com liga jogada por bandidos e se tornou muito valorizada. NBA sempre soube explorar bem os ídolos. Comercializar o negócio, fechar os acordos nos EUA e mercados internacionais. NBA é febre na China, uma absurdo virou o tamanho do negócio.

2. Como funciona para um jogador chegar a uma das 30 franquias? Como acontece esse funil? E para os estrangeiros?

É um funil gigantesco, milhares de high schools, com o basquete sendo um esporte muito tradicional no país. Tem que se destacar no high school, participar de competições que dão visibilidade. As universidades ficam de olho nos melhores e oferecem bolsas para os fenômenos. Ganham, bolsas de estudo em uma das 300 universidades da divisão 1, para um draft super competitivo com o mercado europeu.

São apenas 60 vagas por ano e somente os 30 primeiros têm contrato garantido com as equipes que foram draftados. Sem falar que tem que ser um fenômeno técnico, atlético e mental. Estão olhando muito para isso agora.

3. Nos EUA se joga muito basquete de rua. Qual o papel das quadras públicas no processo de fortalecimento da modalidade lá e da própria NBA?

Muito importante as quadras. Olham a criança jogando basquete na rua e descobrem os talentos. Molecada joga na rua, na porta de casa, com os amigos no parque. E vai jogando na escola e desenvolve o talento, vai se destacando e vai sendo preparado para tentar chegar no topo.

As quadras públicas têm todo esse efeito com certeza. Como no caso do Brasil com o futebol, quanto talento não é desperdiçado por falta de espaços para jogar.

4. Brasil virou um mercado chave para a NBA, mas aqui se pratica pouco basquete. Qual o caminho para converter fãs em praticantes assíduos?

Precisamos de mais lugares para jogar e mais incentivo à prática de todo tipo de esporte. Brasil não é um país que incentiva à prática esportiva nem profissionalmente, nem ludicamente.

Pratica quem quer, vai para um clube como o Pinheiros quem tem grana. Na periferia quase não tem oportunidade. Ou é um projeto social ou alguém que é fisgado por aquilo e vai atrás, não é massificado.

O incentivo para todos os esportes é fundamental, e ter quadras públicas ajuda.  Ele vê a quadra perto de casa, começa a jogar, vai crescendo. Mas até que ponto ele vai ser lapidado, descoberto por um treinador? Como pode chegar em um clube? A quadra é um pequeno passo.

Para ter mais praticantes, passa por um incentivo.